Conduzir com JS - A condução de hoje na estrada - 2

Sei que tudo isto pode parecer um sermão, mas não é essa a minha intenção. Adoptar a proposta dos «três Cês» significa assumir atitudes tão simples como não acelerar o motor de modo impaciente enquanto espera que a porta do lado oposto esteja fechada, ou verificar que os cintos de segurança estejam apertados. Para quê atormentar-se e criar uma grande tensão por nada? É como se estivesse numa reunião de negócios e começasse logo por hostilizar a pessoa que se encontra no lado oposto da secretária, fazendo com que ela se sentisse desconfortável. Isto reduz significativamente a probabilidade de realizar, com êxito, um bom negócio. Do mesmo modo, fazer com que os passageiros estejam sempre em guarda, pelo excesso de agressividade com o carro, cria um grau de ansiedade desnecessário.
Vale a pena dispensar alguns momentos para pensar no processo de arranque. Quando eu corria em competição, lembro-me de ficar impressionado com a forma delicada e cuidadosa como os mecânicos costumavam pôr a trabalhar, a frio, logo de manhã, um motor de corrida de elevada potência, fazendo-o girar sem ligar a ignição.
Não podemos fazer isso com um motor de série, mas deveríamos ter sempre presente que, se os mecânicos são tão cuidadosos com mecanismos especializados, talvez nós devessemos pensar com mais cuidado no nosso próprio autmóvel todos os dias da nossa vida.
Arrrancar o motor a frio e acelerá-lo logo a seguir é verdadeiramente prejudicial. O sistema de lubrificação ainda não se encontra a funcionar convenientemente. O óleo está frio e espesso, as paredes dos cilindros não se encontram convenientemente lubrificadas, e os apoios da cambota e do veio de excêntricos estão um pouco secos. Por isso lembre-se de dar ao carro uma oportunidade. Se não o fizer, virá a pagar, mais tarde, de uma forma ou de outra.
Uma vez em andamento, outro factor importante é observar correctamente a estrada. Com isto não me refiro, apenas, às reacções e às respostas dos outros automobilistas, mas à estrada em si mesma.
Uma questão simples está em evitar conduzir demasiado próximo do passeio e andar com o carro aos solavancos, a torto e a direito. Para além do desconforto, tal condução provoca um esforço desnecessário na suspensão. Do mesmo modo, tente evitar as tampas dos esgotos. Olhe em frente, e pense no que poderá encontrar para que tenha tempo, mais do que suficiente, para se desviar com cuidado.
Tenha atenção a coisas como bocados de pneus no meio da estrada. Tente «vê-los» de forma a ter tempo suficiente para os evitar, mudando de direcção suavemente, sem fazer quaisquer movimentos violentos. Lembre-se: quanto mais depressa andar, mais suaves deverão ser as mudanças de direcção. Se tentar fazer uma mudança de direcção mais acentuada a alta velocidade, não só prejudica a suspensão e afecta desfavoravelmente o conforto da condução, como poderá diminuir perigosamente a aderência à estrada, sobretudo se conduzir em estrada de mau piso. Quando se sentir cansado, ou ao fazer uma viagem longa, tente não perder a concentração. Se for necessário pare e descanse um pouco.
Os reflectores das guias da divisória da estrada (chamadas olhos de gato) podem, também, causar uma extrema irritação. Trepidar, continuamente, sobre uma fila de reflectores, indica falta de concentração. Evitar estes pequenos obstáculos é uma pequena subtileza que os passageiros apreciarão. Não é que eles possam reconhecer, especificamente, um estilo suave de condução, mas, se depois forem conduzidos por uma outra pessoa, pode acontecer que lhe venham dizer: «Não sei bem o que é, mas sinto-me mais confortável consigo a conduzir».
Creio que o cumprimento máximo à habilidade de condução de qualquer pessoa é o facto de os passageiros chegarem ao fim da viagem sem se terem apercebido do tempo que estiveram dentro do carro.
Por isso, lembre-se dos «três CÊs»: primeiro, tem que ser um condutor conciencioso. Em segundo lugar, tem que se concentrar. Em terceiro lugar, tem que ter os outros em consideração.

By Jackie Stewart
Posted by MB