Comece o dia com calma. Deixe o motor trabalhar de vagar, em ponto morto, dando, ocasionalmente, um toque muito suave, muito ao de leve, no acelerador. Para além de ser este o tratamento correcto a ter com o motor, também p deixará a si com boa disposição, pois, ao proceder assim, não se enerva. É um movimento calmo, suave, como o lento embalar de um barco sobre uma onda suave. Não é uma sensação bruta, repentina e rígida, que põe os nervos de qualquer um à flor da pele. Os vizinhos também apreciarão a sua consideração, caso estejam a descansar.
Pense nestes mesmos termos quando meter a primeira mudança. Depois de ter o motor a trabalhar durante uns momentos e carregar na embraiagem, lembre-se de não meter a mudança subitamente. Espere um segundo ou dois, para permitir que tudo se encontre pronto a funcionar suave e harmoniosamente. Preceda com suavidade, com «finesse», palavra que voltaremos a repetir vezes sem conta.
Mesmo que possa pensar que a condução na estrada é muito diferente da condução nas corridas de competição e que têm muito pouco a ver uma com a outra, o certo é que ambas requerem o mesmo grau de «finesse», de delicadeza e de sensibilidade pessoal, em tudo o que se faz.
Estar verdadeiramente confortável ao volante é, claro, uma questão de importância primordial. Adopte a posição correcta de condução e poderá actuar com um estilo eficaz e económico. Acho que deve conseguir segurar, com força. a parte de cima do volante, mantendo os braços flectidos, sem ter que deslocar os ombros do encosto do assento. Também se deve lembrar que, numa emergência, é muito importante poder alcançar todos os instrumentos de controlo sem ter que se esticar ou sem ficar apertado por se sentar muito perto do volante. A maior parte das pessoas pensam, por exemplo, que os condutores de competição se sentam longe do volante com os braços esticados. Mas isso não é verdade.
É como levantar um peso com os braços completamente esticados para a frente. É um trabalho difícil e, algumas vezes, impossível. No entanto, pode fazê-lo com os braços flectidos. Os mesmos princípios aplicam-se quando se encontra a conduzir um carro. Qualquer esforço deve ser aplicado sobre o volante, com os braços ligeiramente flectidos.
Gosto sempre de formular a analogia de que conduzir com velocidade é quase o mesmo que estar no convés de um barco de recreio, utilizando as pernas para absorver o movimento do barco. Se se encontrasse sobre o mar bravo, não se aguentaria de pé com os pés e pernas juntos. Tentaria manter as pernas ligeiramente abertas, joelhos flectidos, pés afastados, um pé ligeiramente à frente do outro.
A posição dos seus pés no chão do carro deverá se muito idêntica. Utilize a perna esquerda com suave ponto de apoio.
Os mesmos princípios básicos aplicam-se à cabeça, que deve acompanhar o movimento do carro. Se, por exemplo, desviar a cabeça da coronha de uma arma, o seu olho já não se encontra na direcção da mira na ponta da arma. Para disparar correctamente, a cabeça deve ficar encostada à coronha até que puxe o gatilho. Num carro, se vai para a direita, incline ligeiramente a cabeça dessa direcção. Nada de exagerado, claro. Procure manter o seu corpo a trabalhar, em uníssono com o carro, num único movimento fluido.
No que diz respeito à posição das mãos no volante, acho que a melhor maneira de o segurar é na conhecida posição das «dez para as duas» do relógio. Mesmo quando estou a fazer uma curva apertada, mantenho essa posição e cruzo os braços em vez de deslocar as mãos no volante. Eu sei que isso é diferente daquilo que algumas pessoas ensinam, mas para mim é o ideal. Não agarre o volante com força; deverá segurá-lo apenas com os dedos e os polegares, e não como se pega na asa de um utensílio.
By Jackie Stewart
Posted by MB
domingo, 16 de novembro de 2008
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